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A Ágora da PUC-Rio *

Existem espaços que condensam os múltiplos sentidos da história da qual fazem parte e assumem a função de símbolos de um todo maior ao qual pertencem.  Este é, sem dúvida, o caso dos pilotis da PUC-Rio. 

Fotografados em todos os ângulos; transformados em logomarca oficial da Universidade; retomados, relidos e recriados em múltiplas formas, os pilotis são um dos elementos mais fortes da identidade visual da PUC-Rio e, de certa forma,  transformaram-se em metonímia desta Universidade. 

É verdade que o traço arquitetônico de uma construção sobre colunas parece, por si mesmo, adequar-se ao que deve ser uma universidade de pesquisa, ao tornar compatíveis a solidez da construção e a leveza da forma e traduzir, assim, nos edifícios que abrigam departamentos, salas de aula, laboratórios de pesquisa, biblioteca, administração, equipamentos sofisticados e espaços de troca acadêmica, o lema que sustenta o brasão da PUC-Rio: Alis grave nil − Com asas nada é pesado.

Mas foi a vida que fez dos pilotis o coração e o centro nervoso do campus. Uma parte significativa do acervo iconográfico do Núcleo de Memória está formada por fotografias dos pilotis.  Da belíssima imagem dos operários sem rosto carregando nos ombros os moldes de madeira das colunas às fotos do movimento estudantil em várias décadas; dos registros de atos acadêmicos ali realizados às fotografias de manifestações culturais que abrigaram sempre; dos flagrantes da informalidade dos encontros cotidianos aos retratos da posse de um de seus reitores; da pose na homenagem aos antigos funcionários aos álbuns que guardam lembranças da cerimônia de formatura de muitas turmas, a coleção iconográfica confirma que a vida vivida no campus, em suas mil facetas, sempre circulou pelos pilotis.  Mais do que os suportes físicos da memória institucional, a memória pessoal de cada aluno, de cada funcionário, de cada professor e de cada pesquisador que, em algum momento, viveu esta universidade tem nos pilotis um referencial denso de significados.  E, neles, nossa memória coletiva ganha forma icônica.

Na pólis do antigo mundo grego, a ágora exercia a função de lugar privilegiado de encontro, de troca de ideias, de exercício da cidadania, de debate político e de confrontos.  Era o espaço público por excelência. Por cumprir funções análogas, os pilotis podem, com justiça, ser considerados como a ágora da PUC-Rio.

Professora Margarida de Souza Neves
Núcleo de Memória da PUC-Rio
Departamento de História

* originalmente publicado na Agenda PUC-Rio 2009

Pilotis do Edifício da Amizade. c. 1985. Fotógrafo Antônio Albuquerque.
Pilotis do Edifício da Amizade. c. 1985. Fotógrafo Antônio Albuquerque.