Morreu, aos 94 anos, o filósofo e historiador baiano Antônio Ferreira Paim, considerado um dos expoentes do pensamento liberal brasileiro. Paim estudou Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde depois se tornou professor. Lecionou na PUC-Rio, nos anos 1970, e coordenou, no Departamento de Filosofia, o mestrado em Filosofia e Pensamento Brasileiro.
Autor premiado do Livro de Estudos Brasileiros (1968) e do clássico História das Ideias Filosóficas no Brasil, pelo qual foi vencedor do Prêmio Jabuti, em 1985, dedicou-se ao estudo do pensamento filosófico brasileiro e do pensamento político. Foi autor de História do liberalismo brasileiro (1998) e A querela do estatismo (1994), no qual aborda o patrimonialismo na realidade brasileira. Também tem títulos publicados na área da Filosofia da Educação e da Moral brasileira, como Momentos decisivos da história do Brasil. Foi um dos fundadores e presidente de honra da Academia Brasileira de Filosofia.
No campo da política, elaborou projetos preparatórios para a Constituição de 1988. Em sua juventude, Paim foi filiado ao Partido Comunista do Brasil, motivo que qual chegou a ser preso. Estudou teoria leninista na Universidade Estatal de Moscou. O rompimento veio com a divulgação dos crimes de Stálin, em 1956. “Não dava para ficar no partido depois daquilo. Da minha geração, ninguém ficou", contou Paim em entrevista de 2019. Isso não impedia que ele fosse reconhecido por representantes da esquerda no Brasil e dialogasse com eles. Aldo Rebelo, ex-ministro dos governos do PT e ex-deputado federal pelo PCdoB, também prestou sua homenagem e lembrou de uma entrevista que fez com Paim, também em 2019. "O Brasil perdeu hoje o grande intelectual e historiador das ideias Antônio Paim", escreveu.